quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Muito além do céu




Discorrer sobre a direito à comunicação não é tarefa lá das mais fáceis. Além de ser muito amplo, o tema em questão extrapola o simples ato passivo de receber informações através de uma mídia global, passando a ser um Direito Humano; direito esse de cidadãos universais de voz e participação efetivas.

Num primeiro princípio, se é que posso dizer pouco mais superficial e básico, o direito à comunicação deve assegurar no mínimo a recepção das informações correntes pelos indivíduos de uma sociedade estruturada. É deixá-lo ciente dos fatos que ocorrem ao seu redor e que podem afetar direta ou indiretamente seu cotidiano. Em termos práticos é garantir que ele receba os sinais de televisão, rádio, internet e tantos outros. E mesmo só atados nessa questão, podemos ir ainda mais longe: garantir o acesso não é apenas ter garantia de alcance do sinal. Num país de pobres, como o Brasil, o acesso à parafernália tecnológica é exclusivo. Se na maioria dos lares falta o básico – também garantido nos Direitos Humanos – de onde sairão os recursos para a aquisição de tais aparelhos?

Se aprofundarmos ainda mais, cairemos em outra questão ainda mais preocupante, digamos. Mais grave que não receber informações é não poder se expressar, creio eu. Podar a liberdade de expressão e de imprensa fere diretamente a dignidade social. É o ocorrido recentemente na Venezuela, onde vemos a censura estampada nas atitudes do governo, sobretudo na não-renovação da concessão da RCTV, maior empresa venezuelana de comunicação. São coisas às quais não se pode fechar os olhos. E isso agride diretamente os direitos expressos em qualquer democracia; é um retrocesso aos regimes ditatoriais, no qual o melhor deles não se equipara à pior das democracias. Calar a boca da população e fazer dela mera espectadora da vontade dos poderosos deveria ser crime previsto na Corte Internacional de Justiça, e seus praticantes sujeitos a duras penas.

Em tempos que nos vangloriamos por presenciar a virada dos anos 2000, tão sonhada pelos cientistas e pela ficção cinematográfica, os avanços não vão muito além de um aparelho que cabe na palma de sua mão e que permite entrar em contato com outras pessoas. O principal foi deixado de lado em nome de uma corrida tecnológica desumana, onde não importa o indivíduo que sente e se expressa, apenas aquele que tem poder de compra.

Num mundo onde a garantia dos direitos à saúde, alimentação e educação são passados à diante, o direito à comunicação ficará ainda mais no fim da fila.

sábado, 24 de novembro de 2007

Novo 'casal' Malhação



Surpresa é pouco para descrever a final de Casal Malhação, do Caldeirão do Hulk. Para o espanto de todos, o casal não é um casal. Não vou me ater a todo histórico do concurso, até porque não pude acompanhar todas as etapas. Meu interesse é, essencialmente, a final.

Concursos como esses são corriqueiros na TV, e já nos revelaram ótimos artistas, a se ver por Flávia Alessandra, por exemplo. E são a prova concreta de que tem muita gente boa perdida por aí. Tamanha foi minha admiração, e creio que do país inteiro, quando o diretor de núcleo Ricardo Waddington anunciou os vencedores: Caio Castro e Rafael Barja.

Posso dizer que Daniela Carvalho e Renata Vareschi também tiraram a sorte grande. Me corrijam se eu estiver errado, mas presumo que as duas atrizes não possuem DRT. E para entrar para a Oficina de Atores da TV Globo é requisito indispensável. Graças a Hulk e seu bom senso de justiça, lá estão as meninas. Se fosse comigo, já estava mais que satisfeito! Rafael Barja, um dos vencedores, me pareceu um tanto quanto teatral. E concordo com o diretor: ele quebrou todo o ritmo da cena na final. Mas quem sou eu para discordar de Ricardo Waddington.

Mas o que me interessa aqui é mostrar minha satisfação em relação a Caio Castro (na foto, à direita). Há muito tempo não vejo um ator jovem tão bom quanto esse garoto. E quando eu digo tão bom, quero dizer MUITO BOM MESMO, merecendo até essas maiúsculas aqui. Prova viva de que talento não se fabrica, e que atores instintivos também sabem o que fazem (pasmem ele mesmo disse que não fez nenhum curso de interpretação). Tempo-ritmo, expressões, comunhão, tudo se encaixa perfeitamente. É daquele tipo de artista que eu farei questão de ter em meu cast fixo um dia!

Parabéns aos quatro, sem dúvidas, vencedores em iguais proporções. Boa sorte em Malhação 2008!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A hora e a vez da Rede Record


Ontem foi a estréia de Amor e Intrigas, a nova novela da Rede Record, que pretende surrupiar uns pontinhos do Jornal Nacional. A emissora vem com tudo, e mostra que está aprendendo muito bem a fazer novelas. Numa visão geral, tudo correu como o esperado. Nada de muita novidade. Locações, figurinos, cenários, nada foge à regra; diria até que foram impecáveis. Mas a grande diferença para as grandes produções (entenda-se Globais) são dos detalhes:

A primeira cena foi linda. Um plano geral da cidade de Ouro Preto, centro histórico de Minas Gerais. E logo na continuação, minha primeira decepção – um plano aberto, de uma pessoa que eu nunca vi, saindo não sei de onde, indo pra outro lugar que eu também desconheço. Só no meio da seqüência pude identificar que se tratava Vanessa Gerbeli saindo de casa e indo ao trabalho. Primeira vez que eu, e todos, vemos essa personagem. Não estamos habituados com ela, com seu núcleo, nem seu espaço. É conveniente mostrar de quem se trata e depois fazer a continuidade artística.

Mudando de cenário, tivemos um insert gráfico que "pulava" na tela. À primeira vista, pensei que fosse interferência no meu televisor (aqui em casa venta muito), mas no próximo insert, constatei que é um caso à parte: o gráfico mais mal construído que eu já vi.

O discurso retórico insiste em reinar na emissora, a mesmo questão que eu levantei em Caminhos do Coração, a pouco tempo no ar. Cenas clichês, muito longas, ou sem sentido. Personagens falando muito tempo sozinhas, em devaneios, mostram um certo vazio na essência da ação - dando a impressão de que a trama ainda não está bem estruturada.

São esses detalhes que definem quem manda e quem obedece na estética televisiva. Não adianta reclamar do Império Global. Uma coisa é querer mandar, outra é poder mandar. E não há como negar que, nisso, a emissora carioca tem a excelência. Mas acredito que, logo logo, se a rede do Bispo Macedo continuar nesse ritmo, a liderança da TV Globo deixa estar ameaçada para não existir mais. Boa sorte, Record!

domingo, 18 de novembro de 2007

A estréia de Marcela Duarte na TV

Texto: Daniela Mata Machado, em Caras & Bocas. Foto: Euler Júnior, para Estado de Minas.


Marcela Duarte foi eleita miss Minas Gerais e finalista do Miss Brasil ano passado, além de ter representado o país no Miss Mundo Universitária, na Coréia, também em 2006. Este ano, Marcela participou do Miss Intercontinental e garante que, com isso, encerrou a carreira de miss.

Nascida em São José dos Campos, a garota faz trabalhos como modelo desde os 13 anos e atualmente, aos 22, estuda jornalismo nas Faculdades Integradas do Oeste de Minas, em Divinópolis, onde mora. “Por enquanto, estou vindo e voltando todos os dias, mas antes que o ano termine vou me mudar de vez para Belo Horizonte”, afirma.

No Alterosa esporte, ela será “a garota da interatividade”, responsável por fazer a comunicação entre o público e a equipe do programa. “Não queremos que ela seja apenas uma peça figurativa”, afirma Leopoldo Siqueira. “Ela deverá participar também de matérias externas.”

Marcela também aposta em seu crescimento em frente às câmeras e diz que está gostando muito de trabalhar com os rapazes da bancada democrática. “Eles são muito bacanas”, comenta. A moça garante também que adora futebol, mas se esquiva quando perguntam para que time torce. “Torço pela Seleção Brasileira”, responde, diplomática.

Boa sorte nessa nova fase Cé! Sucesso!

sábado, 17 de novembro de 2007

Assistematicamente, O Sistema


Acho que nunca fiquei tão em cima do muro quanto hoje na hora de escrever esse post. Há três semanas que venho adiando escrever sobre O Sistema, e confesso não estar totalmente seguro ainda.

O humorístico é bom, tem sacadas fenomenais, bem diferente do que temos visto ultimamente. Mas afinal das contas, o projeto é de Alexandre Machado e Fernanda Young, que sabem muito bem o que fazem, e sempre vêm com algo inovador. Até que enfim alguém ainda pensa nesse mundo! E tendo Selton Melo à frente do elenco, dispenso meus próprios comentários. Ney Latorraca e Zezé Polessa estão impecáveis. São daqueles veteranos que realmente têm talento, e não apenas cresceram na profissão numa época onde poucos haviam. Minha grande satisfação, na verdade, é Graziela Moretto, com sua impagável operadora de telemarketing. A atriz é ótima, não sei porque não conseguiu se firmar na emissora até hoje.

Duas coisas, entretanto, me desagradam. A primeira delas é Maria Alice Vergueiro, numa simples repetição de Tapa na pantera. Fiquei decepcionado ao ver a, até então, fabulosa atriz do sucesso da internet se auto-plagiando nas noites de sexta. Não sei se a intenção é essa, e se for, também não é das melhores. A segunda é a atmosfera retro, ao meu ver, outro auto-plágio de Os Aspones, lembram? Também do casal Machado e Young, também com Selton Melo encabeçando o elenco, também com um ar retrô. Em O Sistema tudo é arquetípico demais: cenários, figurino e maquiagem. Mas enfim... não tem tu, vai tu mesmo.

Mas a idéia é legal – apesar de a maior parte do público não ter sido tão receptiva – e não dá pra negar que é uma proposta nova, ousada, diferente de todas as "formulinhas infalíveis" que tentam nos iludir até hoje. Vou continuar assistindo até me sentir confortável pra dizer algo mais palpável.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pecar é bom...


Antes de tudo, desculpem a ausência da última semana. Faculdade em fim de semestre aperta!

Agora é a vez de Sete Pecados.

Walcyr Carrasco mostra que mais uma vez sabe o que faz. O autor que, indiscutivelmente, reina na faixa das 6, agora é a grande promessa das 7 horas. Sua estréia no horário coube a 'Sete Pecados', uma comédia romântica de fórmula certeira. Um bom elenco, misturado a uma boa produção, com uma excelente direção e autoria acertada, não tinha como dar errado. Comédias românticas são a chave do horário, que por muitas vezes já foi preenchido pelo célebre Antônio Calmon e também por Carlos Lombardi, autores das memoráveis 'Um anjo caiu do céu' e 'Uga-Uga', respectivamente.

Cláudia Jimenez está impagável na pele de Custódia, toda atrapalhada e com bordões pra lá de cativantes. Falando em bordões, eles invadiram a tela e caíram nas graças do povo. É só ouvir Elvira pra sir repetindo "Eu sou chic de doer!". Ver Ary Fontoura ao lado de Nicete Bruno todos os dias também não é pra qualquer um. Eu que já vi Nicete no teatro, sou cada vez mais fã. Priscila Fantin está se firmando na carreira, marcando espaço e fazendo a diferença! Giovanna Antonelli está impecável, merecia um post exclusivo. É maravilhoso vê-la no ar em dois papéis totalmente opostos: de um lado a doce Clarice e de outro a maquiavélica Bárbara de 'Da cor do pecado' (de João Emanuel Carneiro). Reynaldo Gianecchini é minha grande decepção, mais uma vez. Acredito eu, que essa é sua personagem mais consistente até hoje, e deixa muito a desejar. Seu ponto de tensão fica patente: nas cenas de maior exaltação o ator imposta a voz no céu da boca (fica fanho mesmo). A grande surpresa dos últimos dias é Marcelo Médice, que está perfeito em sua dupla personagem. Ao lado do mordomo Antero, a prima Zizi, do interior, arranca risos até dizer chega. O ator se mostra brilhante!

Sempre gostei da trama. Abertura, de Hans Donner, é muitíssimo bem feita. Os quadros congelados e a câmera circundando o cenário trazem uma inovação mais que original. A produção é das melhores (não é à toa que Marquinhos está lá, hehehe). Jorge Fernando, no núcleo, se firma cada dia mais nas comédias, fazendo o que sabe de melhor. Perto da reta final, a novela começa a tomar rumo, desfazer as tramas. Dante já está ciente de seus sete pecados. Agora é esperar pra ver. Essa novela vai deixar saudades, e sua sucessora vai ter uma árdua tarefa pela frente: segurar a audiência, cada dia mais arisca.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Balança, mas não cai


Vocês bem viram que eu estava todo animado com a nova fase de Malhação. Pois bem, foi só começar a desenvolver a trama que todo o esforço quase foi por água a baixo. Estava todo animado com a "saída" do Múltipla Escolha, a chegada de novos ambientes, personagens... mas meu sonho não se concretizou. Os novos espaços saíram logo na primeira semana e o Múltipla Escolha estava de volta. E o pior, com mais um colégio pelo meio. Bom, já que é pra gastar dinheiro com o cenário do colégio, vamos fazer tudo por lá mesmo. É refeitório, alojamento, casa de funcionário... espera aí, eu disse alojamento??? Alguém aqui se lembra de Rebelde? Qualquer semelhança não é mera coincidência. Tim tim por tim tim! Afinal, na televisão nada se cria, tudo se copia, não é Velho Guerreiro? Sério mesmo, gente. O Múltipla Escolha agora é um semi-internato. Brincadeiras à parte, tá difícil engolir esse RBD mais rebelde que o original.

Semelhanças à parte, revoltas à parte, ainda estou muito satisfeito com o elenco. Muito satisfeito mesmo! Como eu disse logo na estréia, dessa vez a produção resolveu respeitar a faixa etária dos atores, e só aí já eliminou 50% do problema. Os outros 50% ficam por conta da afinação do cast. Digamos que desses últimos 50%, 45% já estão resolvidos (e olha que isso corresponde a 90% do elenco – em termos de Malhação, está ótimo). Minha maior decepção foi Cleiton Morais, o Andréas. Tem uma interpretação muito forçada, mas vou dar um voto de confiança ao rapaz. Licurgo Espínola está de volta, vivendo Félix, dono do colégio que se fundiu ao nosso velho conhecido. Ele era um dos professores na primeira temporada do Múltipla em 1999. Apesar de achar Rafael Almeida um tanto quanto insosso, vou deixar de lado, até porque seus dois personagens até hoje também são bem sem graças. Me simpatizei à primeira vista com Nathalia Dill, a malvadinha da vez. Nem de mais, nem de menos. A garota tá no ponto, sem exageros. Sophie Charlotte também me agrada. Que mal lhe pergunte, essa menina é francesa? Se não, podia ter arranjado um nome mais facilzinho, né!

Estou triste com a história, feliz com o elenco. Insatisfações à parte, prefiro Malhação 2008 aos penosos últimos anos de repetição. Já que nenhuma mudança mais significativa surge (e não sei o porquê), vou me contentando com o que vejo e esperando por mais. E, se continuarmos nesse ritmo, acredito que o programa só tem a crescer. Aí sim, vai ser cada vez mais difícil tirar Malhação do ar.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Correndo atrás do prejuízo

Ontem foi a estréia da nova novela das 6, Desejo Proibido. E tem pela frente uma árdua tarefa: recuperar os pontos perdidos pela sua antecessora Eterna Magia. De cara, fiquei frustrado com a abertura. Efeito mais que básico de qualquer programa amador de edição. Nem parece coisa de Hans Donner. E a música!? Timbre desagradável de Tânia Mara (ainda acho que ela tá engasgada com alguma coisa, coitada) cantando o tema brasileiro de A Usurpadora, pasmem! Meu Deus, eu achava que o Brasil tinha um repertório musical maior, que não precisasse repetir tema de abertura de novela.

Já o elenco é afinadíssimo. Digno de trama das 8. Letícia Sabatella dá um show à parte, impecável. Sem falar no prazer de assistir Lima Duarte, Eva Wilma, Othon Bastos, Nívea Maria... enfim, poderia ficar semanas aqui discorrendo sobre esse cast! Também estou muito feliz com a volta de Daniel de Oliveira, em grande estilo. Surpreso fiquei ao ver Aninha Lima, que faz a irmã mais velha de Grazi Massafera. Não me lembro de ter visto a atriz em outros trabalhos, mas está perfeita!

Marcos Caruso me deixa um tanto confuso. O ator sem dúvida é da melhor linhagem. Mas a impostação que está dando à sua voz é um tanto teatral, pra não dizer incômoda. Ótimo recurso para os palcos, dessa vez soa estranho pela familiaridade que temos com o ator e a proximidade que a câmera nos dá da cena. Fernanda Vasconcellos é a grande decepção do elenco. A atriz, que nunca foi lá essas coisas, está mostrando que não teve uma boa preparação. Sua técnica vocal é lastimável: silabicamente marcada em alguns momentos e toda embolada em outros; não há meio termo. Isso sem contar que vou ter o desprazer de ver Leticia Birkheuer e Bruna Marquezine. Mas como nenhum elenco é perfeito...

Concebida por Walter Negrão e conduzida por Marcos Paulo, a história tem tudo pra dar certo. A temática agrada, isso é fato, e a dupla já mostrou que funciona bem. HDTV, iluminação de alto padrão, detalhes milimetricamente pensados e que fazem a diferença. Mas atentem para um risco: o padre vai se apaixonar. Lembram daquela velha história da terceira idade? Pois é, tomara que isso não soe mal as ouvidos alheios. Que venha com tudo!

domingo, 4 de novembro de 2007

Fim de Eterna Magia


Além da estréia do humorístico 'O Sistema', essa semana mereceu atenção com fim de 'Eterna Magia', a primeira novela de Elizabeth Jhin para a TV Globo. Marcada por desencontros, a trama logo perdeu a estabilidade. Não por falta de talento da autora, diretores ou casting, muito pelo contrário. O grande erro da novela foi tratar de um tema que não agrada seu público-alvo: magia e terceira idade. Erro primário, há tempos não cometido pela emissora carioca. O último de que me lembro foi 'As filhas da mãe', novela que sucedeu 'Um anjo caiu do céu', que bateu recordes no horário.

O tema de Eterna Magia é interessantíssimo, tem cativado o publico jovem, e até mesmo o mais adulto. É só ver o sucesso de 'As brumas de Avalon', 'O senhor dos anéis' e 'Harry Potter'. Então, o que não deu certo dessa vez? Primeiro que estamos tratando de linguagens diferentes. TV é muito mais abrangente que o Cinema. Apesar de poder mudar de canal, você não pode interferir na programação da emissora (vamos ver como fica com a TV digital); já no conforto do Cine, você escolhe qual gênero quer assistir e a que horas quer assistir. Outro detalhe muito importante é a extensão do produto. Tratar de "bruxarias" por duas horas é muito diferente de estender o assunto meses a fio. Mesmo sendo sutil, o tema se torna pesado, e as cenas mais sutis ficam agressivas. Talvez em uma minissérie a temática poderia ter sido melhor desenvolvida. Confesso que, mesmo não simpatizando com Paulo Coelho, gostaria de 'O diário de um mago', microssérie engavetada há anos.

Voltando à novela, vejamos alguns pontos-chave do último episódio. Apenas duas coisas me decepcionaram. Primeiro foram os efeitos da metamorfose de Zilda (Cássia Kiss) e a saída Mauro (Fábio Keldani) do quadro. Tecnicamente bem feitos, porém já manjados. Zilda esfarelava em demasia, e os efeitos começam lentos evoluindo numa continuidade aceleradíssima. No caso de Mauro, só a ponta do quadro onde ele estava preso aparecia no ar, e de repente ele aparecia liberto. Preguiça da equipe de efeitos especiais. Outro detalhe eram os cartazes da turnê de Eva (Malu Mader) pelo mundo, em diversas línguas. Inserts de muito bom gosto por sinal, mas ininteligível pela maioria. Não custava uma legenda com o nome dos países ou a amostra de pontos turísticos de destaque.

Por outro lado, as passagens de tempo foram muito bem feitas. Enfatizo a cena em frente a confeitaria, onde as personagens passavam em ritmo frenético, dando a sensação de tempo corrido. O casamento de Conrado (Thiago Lacerda) e Nina (Maria Flor) foi simples e lindo; e Eva retomou seu bom caminho. O atentado e a morte de Peter (Pierre Kiwitt) foram muito bem coreografados. Meus colegas vão pegar no meu pé, mas remetiam muito ao espetáculo final de O Fantasma da Ópera. Como em todo happy end, os fatos foram previsíveis, mas agradáveis.

Vale a pena chamar a atenção para Marco Pigossi e Milena Toscano, intérpretes de Miguel e Elisa. Jovens e estreantes atores que mostraram muita segurança, bom gosto na interpretação e boa dosagem das emoções. É bom ficar de olho, vamos ter ótimas surpresas com eles pela frente! Maria Flor estava ótima em sua primeira protagonista! Também me agradou ver Ana Carolina Godoy, que tem crescido muito como atriz, desde sua estréia em Bambuluá. Osmar Prado, Irene Ravache, Aracy Balabanian e Cássia Kiss dispensam comentários. Só não posso deixar passar em branco a presença inigualável de Cleide Yácones, que abrilhantou a novela com sua presença nas cenas da boa avó. Bom vê-la na telinha, sempre!

Agora é esperar para ver o que vai acontecer com Desejo Proibido. O tema é certeiro para a terceira idade: a religiosidade. Nos moldes de A Padroeira, a trama promete trazer de volta os pontinhos no Ibope perdidos pela antecessora.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

E a fantasia se desfez em pedaços...


No final dos anos 90 entra na grade (grade?) do SBT o programa Fantasia. Nos moldes característicos de Sílvio Santos, o 'recreativo' das tardes brasileiras distribuía prêmios em dinheiro com a participação do telespectador. Foi um fenômeno, chegando a derrubar a rede telefônica de São Paulo com cerca de 100 mil ligações ao mesmo momento. Fantasia trazia consigo quatro rostos novos, apresentadoras muito bonitas e simpáticas, num cenário tropical (mais caribenho que brasileiro), sendo auxiliadas por uma legião de moças sorridentes. Logo depois foi a vez de Carla Perez estrear à frente da atração. Com a licença de Copélia, "prefiro não comentar"... uma terceira temporada, sem sucesso, levava ao ar Celso Portiolli, Márcia Goldshimidt, Otavio Mesquita, Christina Rocha, enfim... pessoas muito diferentes num mesmo palco. Não durou muito tempo.

Dez anos após sua primeira ida ao ar, o vespertino volta a ser exibido na madrugada (nada contra o SBT, não é isso; mas pra mim é mais uma prova da falta de estrutura na rede). Dessa vez, dois apresentadores comandam a atração: Helen Ganzarolli e Caco Rodrigues. Apesar da presença de Luiz Bacci, a emissora não o divulga como apresentador em seu site. E, é claro, mais uma vez com o imensurável time de meninas – e olha que nem a beleza é homogênea dessa vez. Surpresas à parte, me detenho aos apresentadores.

Caco é até bem simpático, às vezes rude demais com a tia que liga, tadinha. Mas frente às câmeras tem certa naturalidade, que agrada, inclusive. Um sorriso meio forçado, mas vamos lá... afinal de contas, ficar atendendo telefone à uma da madrugada não é muito convidativo...

Helen é um caso à parte. Prova concreta de que talento não se transporta por osmose! Os anos ao lado de Gugu – convenhamos: talento também não tem. É costume ver essa criatura aos domingos. Lavagem cerebral, só pode. Nem Freud explica! Pois então, anos dividindo o palco com celebridades consagradas que parecem não ter adiantado de nada. A garota é um misto de euforia e plasticidade. Sorrisos mais que forçados e espasmos faciais que, pra não pegar pesado, me deixam constragido. Caras e bocas que eu ficaria sem graça se visse isso ao lado da minha mãe numa madrugada dessas...

Bom, pra quem estreou há uma década atrás como fenômeno de audiência, ir parar à uma da manhã, sendo apresentado por Helen Ganzarolli... unf... melhor eu ficar quieto antes que voltem com a Carla Perez. Pra ver isso, só tarde da noite mesmo, quando meu cérebro já não assimila muita coisa...