sábado, 19 de janeiro de 2008

O início de uma nova era


Passar esses dias no maior complexo televisivo da América Latina é uma experiência incomparável, mas vou tentar traduzir em algumas palavras.

Como se não bastasse todo o encanto que há por trás disso, ver a engrenagem funcionando de perto dá um novo gás na vida de qualquer um que sonha estar lá. Participar disso por alguns momentos, ver acontecendo na sua frente, a correria, os erros e os acertos, faz todos os problemas desaparecerem e nos levam pra outro mundo, com toda essa energia que emana por todas as partes.

Labirintos de roupas, de móveis, de tapadeiras, corredores que se emaranham e fazem você se perder em instantes. E a cada desencontro, um novo encontro – um sorriso que nunca sai do rosto, bons dias, caronas, lanches em meio a toda pressa.

Fábrica de sonhos. Sonhos de mentira que se tornam realidade em um piscar de olhos. Minicidades espalhadas por todos os cantos, ilusões que nos fazem sentir em casa. Da Fábrica de Cenários, passando pelo Eixo 300 e indo aos estúdios, o corre-corre mostra que não se pode perder tempo. No Mergulhão todo mundo se encontra, cada um atrás de um objetivo, unidos em um bem comum: levar tudo isso Brasil a fora e fazer mais pessoas sorrirem!

E foi em Sete Pecados que eu sosseguei... hehe... a técnica é atenciosa e receptiva, o elenco muito carinhoso! Jorge Fernando dirigindo é maravilhoso. Por onde passa, não há uma cara que fique amarrada, impossível não dar boas gargalhadas! A produção te recebe de braços abertos (não posso passar batido pela simpatia de Vanessa Anesi. Que prazer!).

Uma pena que já passou... depois disso tudo, só tenho que agradecer a meu grande amigo Marquinhos pela generosidade. Mais do que isso, pela amizade, que já se estende por bons 8 anos, e que tem muito mais pela frente! Te adoro, meu amigo! A Anderson por todos os passeios por aquele mundo, pela recepção, e pela nova amizade! Andréa, Rodrigo e Hugo também vão deixar saudades! Obrigado por tudo moçada! São dias que jamais sairão da minha memória, e marcam minha caminhada.

Hoje é um novo dia de um novo tempo que começou! Bora pra frente!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Amigos amigos, novelas à parte


Não ia postar esse texto, mas por sugestão de minha grande amiga Tânia, resolvi colocá-lo aqui, já que essas férias ainda serão longas...

Ao chegar paras as festas de fim de ano, minha mãe disse que havia reservado uma coluna de jornal para eu ler. Tratava de telenovelas e minisséries, meu objeto de estudo na Universidade. E como estudante da área, gostaria de fazer alguns comentários para que não haja nenhuma injustiça com meus futuros colegas de trabalho, autores e diretores, que tanto se preocupam em realizar bons produtos para o povo brasileiro.

Muitos erros, os quais chamamos de "erros de continuidade", realmente ocorrem na telinha. Um sinal da cruz mal feito, ou uma barbearia sem pêlos pelo chão, às vezes escapam aos cuidados da produção. Também acho difícil aceitar esses erros primários, mas na escala em que produzimos televisão no Brasil e com a qualidade que temos, são pecados perdoáveis.

Nosso país é, sem dúvidas, diverso em sotaques. Se por um lado temos apenas uma língua oficial, por outro ela é multifacetada em riquíssimos regionalismos que a tornam singular. E antes do advento da comunicação instantânea, a diferença era ainda mais patente. Sim, o povo mineiro tinha um sotaque muito mais carregado do que o atual, de "r" puxado e fala rapidinha. E assim como gaúchos, nordestinos, aos poucos fomos expandindo nossas fronteiras e aumentando ainda mais a miscigenação da língua, deixando a marca regional pouco mais sutil. O sotaque marcado, forte, muitas vezes pode prejudicar o ator, haja vista a necessidade de comunhão entre este e o papel. Eu mesmo, enquanto ator, já vivi essa experiência.

Em obras de ficção trabalhamos com o tempo dramático, um auxílio que nos permite fazer digressões e omitir fatos não relevantes ao enredo. Lavar as mãos, escovar dentes são atos implícitos ao nosso cotidiano, que não possuem carga dramática suficiente para figurarem todo o tempo. É como se um personagem que está em um hotel precisasse ir ao aeroporto: não é necessário mostrar todo o caminho percorrido; apenas sua saída e chegada. Da mesma forma em que no jornal impresso o espaço representa dinheiro, na TV tempo é igual a dinheiro. Para se ter idéia, uma única exibição de um comercial de 30 segundos em horário nobre está orçada em R$ 320 mil. Não podemos nos dar o luxo de perder esse tempo.

Tomar café da manhã às pressas ou mesmo não tomar também é algo muito comum. Eu mesmo, raramente tomo meu café da manhã em casa no período letivo. Também, o fato de a toda hora as personagens estarem comendo ou bebendo café é uma estratégia de aproximação do público. Em uma pesquisa de opinião, roteiristas da TV Globo, perceberam que o brasileiro sente-se à vontade nas refeições – é um momento sagrado, de encontro com toda a família. Por isso estão cada vez mais presentes na teledramaturgia.

Missa em latim também é algo que requer muita cautela. É do conhecimento de todos que as missas na época retratada em "Desejo Proibido" eram em latim. Mas isso causaria o afastamento do público, sendo inconveniente o uso de legendas a todo momento. Em Hollywood, pro exemplo, produz-se filmes com Jesus em inglês e ninguém contesta por que ele não está falando aramaico.

Em tempos de globalização, é cada vez mais necessário resgatar nossas origens. Se o sotaque carioca dos atores da emissora tomou conta do país e chegou a São Paulo, por exemplo, onde é ambientada "Sete Pecados" e todas as personagens falam o "carioquês" (e de fato há um erro gravíssimo de continuidade), também não podemos passar despercebidos pelo sotaque interiorano de Vera Holtz, atriz de altíssimo nível, que já disse em entrevistas ter problemas com seu sotaque, algumas vezes inadequado às suas personagens. É tudo uma questão de bom senso dos profissionais, que devem, sim, se preocupar cada dia mais em polir seu trabalho para apresentá-lo sempre impecável a essa população que tão bem nos acolhe todos os dias em seus lares.